Uma ligação de hidrogénio estratégica para a Europa 

  O hidrogénio transportado por este tubo, de origem portuguesa, será gerado através da eletrólise da água, utilizando toda a eletricidade necessária proveniente de fontes 100% renováveis, como o sol e o vento. É por isso que este hidrogénio é considerado «verde» (renovável), uma vez que não são emitidos gases com efeito de estufa durante a sua produção.        

O projeto H2med e a sua interligação CelZa terão uma importância estratégica fundamental no contexto europeu do hidrogénio. O H2med será capaz de transportar até 2 milhões de toneladas de hidrogénio renovável por ano, o que representa 10% do consumo projetado para a Europa até 2030, de acordo com o plano REPowerEU. Isto torna-o uma peça-chave no novo horizonte energético da Europa. 

A interligação CelZa (Celorico da Beira-Zamora) ligará Portugal e Espanha com uma capacidade de 0,75 milhões de toneladas por ano. Trata-se de um hidroduto de aproximadamente 270 km destinado exclusivamente ao transporte de hidrogénio verde. O projeto adquire especial relevância no âmbito do plano REPowerEU, que visa a independência energética europeia. 

A ligação CelZa, parte do corredor de hidrogénio H2Med entre Portugal e Espanha, será composta por várias infraestruturas chave.  

Em primeiro lugar, inclui-se um tubo de hidrogénio, constituído por tubagens subterrâneas e posições de válvulas na superfície, que funcionam como instalações auxiliares. Está também prevista uma estação de compressão própria, localizada na localidade de Coreses, como ampliação da estação de compressão já existente, equipada com compressores acionados por motores elétricos e linhas de alta tensão para o seu fornecimento energético. 

Esta rede será integrada com outras infraestruturas estratégicas: a rede interna de hidrogénio em Portugal (Projeto PCI 9.1.1), a rede interna de hidrogénio em Espanha (Projeto PCI 9.1.3) e a interligação entre Espanha e França (Projeto PCI 9.1.4), conhecida como H2Med-BarMar, que será realizada através de um tubo submarino entre Barcelona e Marselha. 

Adicionalmente, existem dois projetos de armazenamento subterrâneo de hidrogénio em território espanhol: Hydrogen Storage North-1 (PCI 9.24.1) e Hydrogen Storage North-2 (PCI 9.24.2), que complementam a capacidade operacional desta rede transnacional. 

Durante o segundo trimestre de 2025, será feita a adjudicação dos trabalhos de engenharia e dos estudos ambientais por parte da Enagás, e entre 2025 e 2026 ocorrerá o desenvolvimento das engenharias básica e detalhada do projeto, estudos ambientais e outros licenciamentos. 

A partir de finais de 2027-2028, está previsto que se iniciem os trabalhos de construção do tubo, com a sua conclusão estimada para o início da década de 2030. 

Paralelamente, está a ser desenvolvido o processo de elaboração de documentação e de implementação do Plano Conceptual de Participação Pública (PCPP) desta ligação. Este é um requisito estabelecido na regulamentação europeia para os denominados Projetos de Interesse Comum (PCI), com o objetivo de identificar desde uma fase inicial as sensibilidades e preocupações sobre o projeto no território onde será implantada a infraestrutura. 

A implementação deste processo de participação pública terá início em novembro de 2025 e está previsto ser concluído em dezembro do mesmo ano.  

O impulso do hidrogénio verde pode favorecer a reindustrialização, fomentar a inovação e atrair investimento socialmente responsável. A rede de infraestruturas de hidrogénio em Espanha, juntamente com as suas ligações internacionais, atuará como motor para múltiplos sectores da economia nacional, gerando novas oportunidades de negócio.  

Este desenvolvimento terá um impacto económico positivo no país e nas suas regiões, impulsionando o crescimento e a competitividade. Está previsto um investimento bruto de 3.310 milhões de euros até 2030, dos quais aproximadamente 350 milhões corresponderão ao projeto CelZa.  

Além disso, contribuirá para o desenvolvimento industrial e tecnológico através da criação de uma indústria do hidrogénio e um tecido empresarial inovador. Durante a fase de construção da rede, estima-se a criação de cerca de 17.200 postos de trabalho, e nas fases de operação e manutenção manter-se-ão cerca de 900 postos de trabalho.  

No caso específico do H2Med (CelZa e BarMar), prevê-se a criação de cerca de 1.700 postos de trabalho durante a construção e 300 durante a operação e manutenção.  

Fonte de dados: Relatório “Impacto socioeconómico do desenvolvimento da economia do hidrogénio em Espanha”, elaborado pela PwC para a Enagás em 2023. 

A proteção do meio ambiente é uma prioridade fundamental em todas as fases do projeto.

Após uma identificação e avaliação exaustiva dos possíveis impactos que o projeto possa ter a nível ambiental nas áreas afetadas, foi considerado que o projeto terá um impacto ambiental mínimo, uma vez que a instalação final do tubo será subterrânea, sem impacto visual nem ambiental. Após a sua construção, terá lugar a restituição total do terreno afetado à sua condição original, com uma recuperação imediata da área. 

Além disso, foram definidas várias medidas preventivas e corretivas para minimizar os impactos durante as diferentes fases de construção e desenvolvimento do projeto.